Malas Femininas

Bagagem de Mulher

Desde que uma amiga querida me emprestou um livro sobre as bagagens inúteis que carregamos pela vida afora, tenho refletido especificamente sobre bagagem de mulher.

Nós mulheres somos conhecidas, zoadas e até ridicularizadas por conta do tamanho e quantidade das malas que levamos. E são muitos os que nos criticam, especificamente os maridos, namorados, filhos, irmãos, colegas de trabalho… Muitas vezes, numa total demonstração de falta de sororidade, somos também alvo de críticas de outras mulheres.

Antes de mais nada, vamos analisar como funciona a cabeça de uma mulher na hora de arrumar as malas. Primeira premissa, tentar se precaver ao máximo contra possíveis imprevistos. Por exemplo, se o destino da viagem é a praia, além de camisetas, shorts, maiôs, saída de banho, vestidinhos e rasteirinhas de praxe é comum encontrarmos uma infinidade de itens que com certeza voltarão sem uso.

Veja só: toda mulher precavida pensa, e se chover? Bom, neste caso é melhor é levar também uma blusinha de frio, um par de tênis, alguns pares de meia, uma calça jeans, um chale para jogar sobre os ombros para usar num provável passeio noturno. Ah, é bom também levar uma sapatilha de couro para sair caso esteja chovendo e, também um pijama comprido, porque é horrível sentir frio durante a madrugada.

Além disso, pode ser que pinte uma balada e aí, é essencial levar um vestido mais bacana, que vai pedir um calçado mais elaborado, sem contar nas bijuterias mais chiques. Não vai dar para viajar sem a maleta de maquiagem e, é claro, o secador de cabelos, talvez duas ou três escovas de tamanhos diferentes e também a chapinha.

Conclusão, o que deveria ser uma malinha simples, vira uma enorme bagagem para um final de semana.

E por que será que somos assim?

Talvez porque a maioria das mulheres sinta pavor de imprevistos. É como se o fato de sermos surpreendidas por algo não planejado dissesse ao mundo que somos incompetentes, desorganizadas ou relaxadas. E por isso, por conta de um medo infundado, vamos carregando malas e mais malas. Não apenas as físicas, que dão trabalho sim, mas destas damos conta. O grande problema é a bagagem mental, as malas do medo, da aflição, do cansaço, da preocupação, do desespero.

Por receio de um provável julgamento alheio vamos criando regras que como correntes nos aprisionam. Definimos, por exemplo, que material de limpeza precisa ser comprado sempre antes que acabe. Imagina só ficar sem detergente de louças de uma hora para outra? Que a geladeira e a despensa devem estar sempre abastecidas. que as unhas, cabelos e depilação devem estar sempre em dia. Que as necessidades reais e as imaginárias dos filhos precisam sempre ser antecipadas. Que a carreira profissional deve sempre ser planejada. Que o final de semana é sempre programado. Que as próximas férias são sempre pré-definidas. E, se abrirmos cada um destes itens haverá inúmeros subitens, cada qual com as suas próprias demandas. É de enlouquecer.

E assim, dia após dia vamos tecendo uma teia de de compromissos, responsabilidades, deveres, tarefas, obrigações… e quando nos damos conta, estamos presas na teia que nós mesmas tecemos. Carregando um peso enorme, levando uma vida chata. Onde não há espaço para o inesperado, para as surpresas, muito menos para a leveza.

Não importa em que fase desta viagem você está, sempre há tempo de trocar estas malas sem alças e sem rodinhas por uma valise de mão. Está mais do que na hora de nós, mulheres, começarmos a conjugar os verbos abstrair, delegar, compartilhar e desapegar.

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2 thoughts to “Bagagem de Mulher”

  1. A minha mala mental está com excesso, e é nela que estou trabalhando.
    Em breve estarei viajando, e até lá, pretendo levar apenas uma valise de mão 😉

    Parabéns bela reflexão!

    1. Que a sua valise de mão seja leve, elegante e carregue somente o essencial. Bjs

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