Câncer – Do limão à limonada.

 

Tsunami. Acho que nenhuma outra palavra exprime melhor o sentimento ao receber um diagnóstico de câncer. Das profundezas do seu ser emerge uma onda gigantesca de medo, incertezas e tristeza. Essa onda violenta e descontrolada devasta o seu porto seguro, sua zona de conforto, aniquila os padrões de vida que você estabeleceu.

Neste caos existem dois momentos distintos: aquele em que se recebe o diagnóstico e o seu chão desaparece e aquele em que se começa o tratamento e, por mais que se saiba que é o tratamento que vai te levar à cura, ele é devastador. Você se sente mal, enfraquecida, por vezes desesperançada, se vê diante de uma nova rotina que é incorporada ao seu dia a dia  sem que haja tempo ou espaço para se discutir ou pensar, e ela é penosa e incômoda.

Como tudo na vida você vai se acostumando conforme o tempo vai passando. Na sua nova rotina você se encontra com muitas pessoas que estão passando pela mesma dor que você e, o que antes era inimaginável passa a ser palpável. A quimioterapia, a falta de cabelo, os exames, as agulhas, os hematomas, a baixa imunidade, as infecções oportunistas, enfim, tudo isso se torna tão corriqueiro que poderia até ser discutido numa mesa de bar.

Agarrando o touro pelo chifre.

E neste momento, onde o câncer quase chega a ser banal é que você precisa tomar uma importante decisão, ou continua anestesiada pela má notícia da biopsia positiva e mergulha de maneira passiva nos procedimentos e protocolos ou assume uma atitude positiva diante da doença e começa a fazer questionamentos.

Nunca, jamais se questione “por que eu?”, este tipo de questionamento não vai levá-la a lugar nenhum, irá simplesmente dar força ao sentimento de impotência e a vitimização que já estão te ameaçando como sombras tenebrosas. Faça perguntas assertivas do tipo: o que essa doença está tentando me ensinar? Será que o câncer veio me mostrar que a vida é efêmera e que por isso mesmo deve ser melhor vivida? Será que as minhas crenças estão me adoecendo? Minha fé é forte o bastante para que eu acredite na minha cura?

É neste instante que o limão que você recebeu da vida pode se tornar uma saborosa e refrescante limonada.

Não existem fórmulas para realizar a transformação, existe unicamente uma imensa vontade de aproveitar a oportunidade para aprender com ela. O que deve ser comum a quem deseja trilhar o caminho da fé e do autoconhecimento é o foco, que deve estar totalmente voltado para o tratamento e para cura. Esqueça o câncer, ele já está instalado no seu corpo. Não o alimente dando mais importância do que ele já tem.

Sendo assim, trace seu próprio plano para potencializar a cura. Dê atenção ao corpo, a mente e ao espírito. Na medida do possível faça atividades físicas, cuide da sua alimentação, aprenda a ouvir o que seu corpo lhe diz. Sempre que der procure estar em contato com a natureza, aprecie o pôr do Sol, se encante com os pássaros. Celebre a vida em todo instante que ela se apresentar. Vigie os seus pensamentos para não cair nas peças que a nossa mente prega, reconecte-se com seu Deus.

Definitivamente, não é fácil passar por esta doença. Mas é certo que podemos escolher como vamos encarar o desafio. De minha parte escolhi não me deixar abater e lutar com todas as armas que disponho e que acredito que possam me ajudar a superar o momento. O amanhã ainda não chegou, o ontem já passou, só posso efetivamente me ocupar em tornar o meu hoje mais feliz e produtivo. É assim que tenho procurado viver.
 

Veja Também: