Em uma sala de quimioterapia ou em qualquer outra curva do caminho, a sororidade é o sentimento mais importante entre mulheres.
Sinto como se estivéssemos todas unidas numa grande ciranda.
Nossas mãos não se tocam nesta roda, mas uma forte energia as une.
As cantigas que nos fazem girar são variadas.
Umas falam sobre o medo.
Medo da vida.
Medo da morte.
Outras falam da perseverança.
Não desistir da luta.
Não entregar os pontos jamais.
Nossas mãos unidas se aquecem quando as cantigas falam de amor.
O amor pelos filhos.
O amor pelos pais.
O amor pelos homens.
O amor por nós mesmas.
Saudades dos tempos de criança.
Quando as canções eram inocentes, repetidas sem pensar.
Hoje, em cada olhar feminino eu vejo uma luta sendo travada.
A mesma luta que eu travo diariamente.
Para não esmorecer.
Não demonstrar fraqueza.
Não perder a fé.
Luta pela superação.
E neste reconhecimento de almas eu posso sentir a roda girar.
Mulheres de todas as idades, classes sociais, cores e crenças.
De mãos dadas, fortalecendo-se mutuamente com palavras de conforto,
com troca de experiências.
Esta ciranda imaginária fica mais forte quando passamos juntas pela mesmo sofrimento.
Seja ele uma doença.
Seja ele a perda de alguém amado.
Seja provocado por uma separação.
Ou, quem sabe, por uma traição.
Se na alegria somos fortes,
no sofrimento somos insuperáveis.
A roda nos fortalece.
Imaginemos então nossas amigas, cunhadas, mães, irmãs, tias, avós todas unidas numa grande roda fraterna.
As mulheres que conhecemos e as que não conhecemos.
Girando para lá e para cá.
Sentindo o vento no rosto e a alegria de cantar a plenos pulmões.
Como fazíamos quando éramos crianças.
Esta roda vai ficando cada vez maior.
A energia que dela emana tem o poder da cura.
E só o que desejamos umas às outras é amor e sabedoria para enfrentar as adversidades.
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