Esta semana vi por aí uma frase que me chamou bastante a atenção, dizia ela que não vemos as coisas como elas são e sim como somos. Eu acredito que realmente isso faça muito sentido, pois uma mesma situação pode ter interpretações e impactos diferentes para pessoas diferentes.
A maneira como enxergamos o mundo está diretamente relacionada com aspectos da nossa personalidade, com nosso histórico de vida, com o contexto em que estamos inseridos no momento e, não necessariamente, como as situações se apresentam de fato. Veja no texto abaixo uma situação hipotética, envolvendo várias pessoas e cada uma com o seu comportamento automático:
O motorista de aplicativo.
São 4 horas da manhã, está armando a maior tempestade e cinco amigas, que acabaram de sair da balada, estão aguardando dois carros chamados pelo aplicativo. O primeiro carro chega, ao mesmo tempo em que o segundo motorista cancela a chamada. Começa a chover.
As cinco amigas tentam então convencer o motorista do primeiro carro a levar todas elas, afinal a distância é curta. O motorista de maneira gentil, porém firme, recusa o pedido alegando que não há cintos de segurança para todas e que isso poderá acarretar sérios problemas para ele, caso seja parado numa blitz. Ele diz que pode levar no máximo quatro pessoas e então recomenda que elas se dividam e chamem outro carro. As moças insistem, mas o motorista é irredutível.
Camila, entende o ponto de vista do motorista e se oferece para ficar e esperar o outro carro.
Ana, fica indignada. Diz ao motorista que não custava nada ele ser gentil e que graças a pessoas egoístas, como ele, o mundo está como está. Igualmente, muito a contragosto, diz que também fica.
Marcela que só quer saber de chegar logo em casa, diz que se as duas vão ficar, ótimo. Não tem mais problema.
Bia faz charminho e tenta convencer o motorista a levar todas. Mas, como ele não cai na sua conversa, fecha a cara e comenta com a Raquel que ele tem mais é que se ferrar mesmo, trabalhando de madrugada como motorista de aplicativo. Emburrada, ela senta no banco de trás e não diz mais uma palavra.
Raquel fica super indecisa, não sabe se vai ou se fica com Ana e Camila aguardando o novo carro. Ela acha que o motorista está exagerando, mas também entende o lado dele. Se o coitado for parado por uma blitz e multado, lá se vai o lucro de uma noite de trabalho. Solidária, decide ficar e aguardar o outro carro.
Como uma única situação, totalmente neutra, desencadeou pensamentos, reações e emoções tão diversos?
Simples, cada uma das meninas enxergou a situação através da sua própria lente. Algumas de maneira positiva, outras de maneira negativa.
Quantas vezes por dia não fazemos a mesma coisa? Reagimos de maneira exagerada a situações por vezes banais, que não vão fazer a menor diferença daqui um ano, ou um mês, ou uma semana… E fazemos assim porque temos a tendência de reagir sempre da mesma forma a situações semelhantes, é um comportamento automático.
Como sair do comportamento automático?
Primeiramente, desenvolvendo o autoconhecimento, quanto mais a gente se conhece mais entende as reações intempestivas que temos. Adquirir o hábito de fazer mea culpa também funciona, questionar se as nossas atitudes são tão isentas quanto pensamos. Por último, praticar a empatia. Tentar se colocar no lugar do outro, senão para aceitar, pelo menos para compreender o ponto de vista alheio.
Mudar comportamentos nunca é fácil. É como aprender a andar de bicicleta, anda um pouco, cai, levanta e anda mais um pouco… cai, levanta, anda… Demora um pouco, mas quando se aprende, a satisfação e a sensação de liberdade são imensas.
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