Como ser mais feliz sendo menos.

Há 13 meses que todos os dias eu me levanto com o firme propósito de ser menos.

Quero ser menos preocupada, menos irritada, menos crítica, menos magoada, menos triste, menos formal, menos planejada, menos chata, menos tudo o que pressiona, estressa e frustra.

Quando eu recebi o diagnóstico de câncer de mama, 13 meses atrás, depois de todos os perrengues emocionais ( já os descrevi aqui: https://lotusrosa.com.br/sobre-levartrazer/ ; https://lotusrosa.com.br/cancer-do-limao-a-limonada/ ) comecei a me perguntar o que eu deveria mudar na minha vida.

Na primeira sessão que fiz de fisioterapia pós-operatória, a fisioterapeuta me disse que havia cinco padrões comportamentais comuns em mulheres que desenvolveram câncer de mama:

  1. Fazer várias coisas ao mesmo tempo;
  2. Não delegar;
  3. Chamar para si a responsabilidade sobre o bem-estar das pessoas ao redor;
  4. Tentar resolver os problemas de todos;
  5. Querer fazer tudo sozinha, por achar que para ela é mais fácil do que para os outros; porque ela faz mais rápido ou porque simplesmente ela faz melhor.

Nem preciso dizer que gabaritei a lista da moça.

Menos é Mais

Dentre outras coisas que preciso incorporar na minha vida, mudar estes padrões de comportamento se tornou prioridade. Não é fácil, mas como hoje eu já os identifico, assim que me dou conta que estou repetindo o tal padrão, paro e me corrijo.

Inegavelmente, mudar o jeito como agi a vida toda é complicado. No entanto, eu sei que é preciso, pois dá um medão danado passar por tudo de novo. Quem já passou por isso sabe como é.

Infelizmente eu precisei adoecer para refletir sobre comportamentos que eu considerava certos e hoje vejo que não eram. Felizmente, encontrei no meu caminho de cura alguém que me alertasse sobre isso e, acima de tudo, sou muito grata.

Com o intuito de tentar resolver os problemas dos outros, você se sobrecarrega e, além disso, impede que o outro se desenvolva. Ajudar é uma coisa, assumir para si a solução do problema, é outra.

Da mesma forma, se esforçar para ser a melhor em tudo também não é legal. Cada pessoa é um conjunto de talentos e inaptidões. Assim, é preciso aprender a valorizar as próprias qualidades e, de maneira oposta, não se desvalorizar naquilo em que não se é tão boa assim. Sem dúvida, este é um bom começo para ser menos autocrítica, menos estressada e menos dependente da aceitação alheia.

Sem nenhuma pretensão de ditar regras, servir de exemplo ou qualquer coisa semelhante, eu gostaria de convidar você a tentar ser menos nesta sociedade que tende a valorizar quem é mais – mais bonita, mais magra, mais bem sucedida, mais rica, mais bem vestida… Ufa, só de falar já cansei.