A eterna Rita Lee em entrevistas realizadas um pouco antes da sua morte, afirmou que, ao chegar à idade mais madura entendeu que ela tinha dois caminhos que poderiam ser trilhados.
Num deles, o objetivo principal seria buscar a juventude já perdida. Para isso ela teria que entrar no mirabolante mundo da fantasia onde, permanecer jovem parece ser um feito possível de ser alcançado.
Neste mundo de faz de contas, o que não se pode fazer são as contas do dinheiro que será “investido”. Isso sem falar do tempo que se consome consumindo tratamentos estéticos, pequenas ou grandes intervenções, massagens, cosméticos, médicos cirurgiões, dermatologistas, nutricionistas, personal de várias modalidades, etc, etc.
Segundo ela, esse seria o caminho da “perua”.
Certamente, o caminho da “perua” é um caminho que não trará cem por cento de satisfação, pois o tempo é implacável e, quem aposta suas fichas no contrário, tenderá a acabar seus dias frustrada.
Voltando à Rita Lee, ela disse ter preferido o outro caminho, que é o de buscar a sua feiticeira.
Certamente, ela não se referia à imagem que se faz de uma feiticeira, ou seja, aquela que pratica bruxaria, que tem um pé no mundo oculto, que prevê o futuro e faz encantamentos.
A feiticeira a que ela se referia, está, obviamente, no sentido figurado. Em outras palavras, falamos da mulher sábia. Aquela que entende e respeita os ciclos da natureza. Em outras palavras, aquela mulher que fez a viagem interior em busca da sua essência.
Normalmente isso acontece por volta dos cinquenta anos, quando a mulher já está desobrigada de suas funções maternais e profissionais.
Ou seja, uma condição só alcançada na terceira fase da vida.
Com toda a certeza, escolher este caminho exige muita dedicação e muito comprometimento com o seu autoconhecimento.
Ao contrário do caminho da “perua”, cuja energia é totalmente voltada para fora, para o consumo e para a superficialidade, o caminho da feiticeira é introspectivo, silencioso e solitário. É uma jornada individual.
Os melhores anos da vida.
Sem dúvida, a geração de mulheres que já atingiu ou está atingido os cinquenta anos é uma geração única.
Ao contrário das gerações passadas, estas mulheres passaram por revoluções de costumes, estudaram, trabalharam e além disso, construíram uma rede de apoio ao seu redor.
São mulheres, sobretudo, na sua maioria independentes, que hoje podem escolher o caminho da velhice que desejam seguir.
A psiquiatra e analista junguiana Jean Shinoda Bolen desvendou os arquétipos das mulheres maduras no livro As Deusas e a Mulher Madura.
Neste livro, ela representa com deusas de diversas culturas cada um destes arquétipos. Em breve eu falarei sobre cada um deles.
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