Lilith, a deusa destemida.

Sobre Lilith pouco se sabe e quase nada se menciona.

Na verdade, eu mesma tomei conhecimento sobre Lilith há pouco tempo, já tinha ouvido falar uma e outra coisa sobre um demônio com esse nome e também sobre sua relação com face oculta da Lua.

A princípio, não havia nada em Lilith que chamasse a minha atenção. Meu foco estava voltado para os arquétipos das deusas gregas.

Mas, quando fui pesquisar para escrever o post sobre “mulheres desobedientes” mais uma vez me deparei com Lilith e adorei o que descobri.

Lilith teria sido a primeira mulher criada por Deus. Segundo consta, ela foi criada juntamente com Adão, no mesmo momento e da mesma forma.

Assim sendo, é correto supor que eram iguais mesmo sendo diferentes.

Todavia, Adão não a enxergava dessa forma e por isso ela teria se rebelado contra a vontade de Adão de submetê-la aos seus desejos, indo embora e deixando-o para trás.

De fato, no Genesis 1:27-31 está escrito o seguinte:

“Criou Deus o homem à sua imagem,

à imagem de Deus o criou;

homem e mulher os criou.”

Pelo que consta Lilith estava coberta de razão em reivindicar seus diretos, ela e Adão haviam sido criados simultaneamente e da mesma forma, não havendo, portanto, motivos para Adão se sentir superior.

Assim, absolutamente dona de si, Lilith foi embora deixando Adão e o paraíso para trás sem o menor arrependimento.

Adão, pelo que dizem, surtou e implorou a Deus que a trouxesse de volta pois ele se sentia muito só. Compadecido pelo sofrimento de seu filho Deus enviou três anjos atrás de Lilith, mas ela se recusava a voltar caso não lhe fosse assegurada a igualdade.

Enfim, isso não aconteceu e por isso Lilith foi castigada e transformada em um demônio.

Criação de Eva

Afim de evitar novos transtornos, Deus então criou uma nova mulher, Eva, desta vez a partir de Adão.

Assim diz o Gênesis 2:22-24:

Com a costela que havia tirado do homem, o Senhor Deus fez uma mulher e a levou até ele.

Disse então o homem:
“Esta, sim, é osso dos meus ossos
e carne da minha carne!
Ela será chamada mulher,
porque do homem foi tirada”.

Ou seja, para satisfazer os desejos de Adão foi preciso criar uma mulher dependente, submissa e inferior a ele. Lilith não se submeteu e, dizem por aí, que ela ainda se transformou na serpente que incentivou Eva a experimentar o fruto proibido da árvore do conhecimento. Mas, essa é uma outra história.

Simbolismos de Lilith

O que de fato importa em toda essa história é reconhecer os símbolos que a habitam. Lilith é a força revolucionária, indignada e transgressora que mora dentro de cada mulher.

Cultivar Lilith significa restaurar e resgatar o poder da energia feminina. Em outras palavras, significa impor limites, não baixar a cabeça, estabelecer a urgência em se libertar dos padrões que nos trazem culpa e medo. Culpa por escolher se valorizar e medo da solidão.

Lilith nos dá a força para romper com relações desgastadas e abusivas.

Vale lembrar que sempre que falamos de deusas estamos falando das forças que existem dentro de nós mesmas e que basta evocá-las para que surjam. São afirmações positivas que devemos fazer nos momentos em que estamos em contato com o nosso eu.

Lilith é apenas um nome, uma personificação, um símbolo que vem ao nosso encontro quando solicitado. Cada mulher deve ter sua forma de clamar por ela.

A minha é essa, que você pode usar ou adaptar se quiser. Fique à vontade.

Invoco a força de Lilith que existe dentro de mim para que me inspire nos momentos mais desafiadores;

que eu não tenha medo de colocar minha vontade e minhas necessidades acima da vontade e da necessidade dos outros;

Que eu tenha sabedoria para impor limites sem agredir.

Lilith me dê coragem para me posicionar e defender o que acho correto;

e que o julgamento dos outros pelos meus atos e minhas palavras não interfiram nas minhas convicções.

Lilith me dê clareza para enxerga o momento que um ciclo se encerra e, sobretudo, me dê coragem para romper com tudo o que não faz mais sentido.