Casal Jovem

Modo sobrevivência – Off

Tenho refletido sobre as escolhas que fazemos todos os dias, escolhas estas que determinam se vamos acionar o botão do modo vivência ou o botão do modo sobrevivência.

Acho que todas nós, num período de nossas vidas optamos conscientemente pelo modo sobrevivência. É uma fase que temos que estudar, trabalhar, conquistar uma independência financeira, comprar um carro, um apartamento.

Se nos casamos, temos que correr para criar estabilidade tanto financeira quanto material para a família que estamos formando. Normal nesta fase é correr de lá para cá, não ter tempo nem para se alimentar direito, fazer várias coisas simultaneamente. Dormir até um pouco mais tarde aos domingos é o máximo que se consegue em termos de descanso.

Conjugar o verbo ser, então, está fora de cogitação. Ser livre, ser feliz, ser leve, ser simples… Esquece. Estamos muito ocupadas conjugando o verbo ter. Ter mais dinheiro, ter um carro maior, ter uma casa confortável, ter um closed abarrotado. Ter os filhos na melhor escola…

Até viajar nesta fase da vida deixa de ser pelo prazer de conhecer lugares, povos e culturas diferentes e vira o compromisso de ter que viajar para descansar, ter que viajar para não ficar em desvantagem com as amigas, ter que viajar para comprar coisas que aqui não encontramos.

Não há nada de errado em querer ter dinheiro e conforto. Dinheiro quando bem empregado é ótimo, dá tranquilidade, permite fazer muitas coisas bacanas para você e para os outros. Definitivamente, a ambição vira um problema quando não se consegue sair do modo automático.

Desligando o modo sobrevivência.

Pense se você já não conquistou tudo ou quase tudo a que tinha se proposto quando era mais jovem. Observe se está infeliz, sobrecarregada, cansada… Pode ser que você saiba que é hora de tirar um pouco o pé do acelerador, mas não consegue sair do modo sobrevivência. Talvez então tenha chegado a hora de perguntar ao seu coração o que você verdadeiramente deseja.

Acredito que a maioria das respostas que buscamos estão dentro de nós mesmas. Entretanto, temos medo de perguntar, porque normalmente as respostas implicam em transformações, que exigem mudanças e mudanças causam medo.

Ao escolher o modo vivência, muito provavelmente você terá que sair do emprego que consome sua energia e sua saúde. Assim, talvez você tenha que ficar mais tempo com o seu carro, ou quem sabe até vendê-lo e optar por um modelo mais econômico.

Ao escolher o modo vivência talvez seja preciso você se mudar para uma casa menor e mais simples, bem como se contentar com roupas menos sofisticadas. Talvez então você perceba que consome de forma impulsiva e até irresponsável.

E você pergunta: então, qual a vantagem?

O verdadeiro luxo não é material.

Tudo fica mais fácil quando você entende que o conceito de luxo é relativo. Não exatamente luxo se traduz em artigos caros e de grife.

Luxo mesmo pode ser ter tempo para tomar um chá com uma amiga querida. Se permitir um longo, perfumado e relaxante banho. Saborear len-ta-men-te uma barra de chocolate. Sentir o perfume de flores recém-colhidas, sentar-se na calçada só para apreciar a lua cheia, sem se preocupar com o dia de amanhã. Luxo pode se traduzir em ter tempo para assistir de novo, pela centésima vez, aquele filme que você tanto ama.

Em síntese, luxo tem muito mais a ver com tempo disponível para si e para quem você ama, do que com uma conta bancária recheada, porém acompanhada de uma agenda lotada de compromissos.

Luxo é você poder todos os dias fazer pelo menos uma coisa que você goste muito. Pode ser uma longa caminhada, ouvir uma música, namorar, dançar sozinha, preparar uma comida que lhe dê prazer, fazer um afago no seu animal de estimação.

Se o seu coração bateu um pouquinho mais forte ao pensar no assunto, mas ainda não é o momento de apertar o off do modo sobrevivência não desanime. Você pode ir fazendo a mudança aos poucos, com o pé no chão. Pense nisso.

Pessoalmente, já optei pelo modo vivência há alguns anos e não me arrependo. Pois, como disse Rubem Alves, “para mim, basta o essencial”.

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