A sociedade contemporânea tem produzido em larga escala mulheres cansadas. Na verdade, não apenas mulheres, mas todos os indivíduos.
Existe um livro chamado “Sociedade do Cansaço”, escrito pelo filósofo sul-coreano Byung-Chul Han que, em seu trabalho, analisa a exaustão física e mental na sociedade contemporânea. Em seu livro, Han discute a influência da tecnologia, destacando como as mídias sociais e a constante conectividade causam fadiga constante. Além disso, ele argumenta que o individualismo crescente e a pressão por performance têm deteriorado a saúde mental da nossa sociedade.
Ainda segundo Han, por volta dos meados dos anos 1980 a humanidade deixou para trás a sociedade disciplinar, como definiu Foucault, feita, sobretudo, de hospitais, asilos, presídios, quartéis e fábricas. Regida, como o próprio nome diz, pela obediência, negatividade e proibição.
Para ingressar posteriormente, neste século XXI, na sociedade do desempenho. Uma sociedade marcada pelos shopping centers, pelas academias de fitness e pelos laboratórios de genética, onde seus habitantes são empresários de si mesmos.
Enquanto na sociedade disciplinar era exigido do individuo apenas respeito às regras e passividade, na sociedade disciplinar é o próprio individuo quem define o seu sucesso ou o seu fracasso. Certamente, a pressão nos dias atuais é infinitamente maior.
Enquanto a sociedade descrita por Foucault gerava loucos e delinquentes, a sociedade contemporânea gera depressivos e fracassados.
As mulheres são as mais cansadas.
Se a sociedade do desempenho é igualmente estressante e frustrante para todos os indivíduos, para as mulheres é particularmente extenuante.
Afinal, nós mulheres, lutamos uma luta à parte. Uma batalha pela igualdade dos direitos, pela igualdade de salários, por relações conjugais mais equilibradas, por um lugar de respeito na sociedade.
Igualmente lutamos batalhas internas. Desejando ou não a maternidade, nos dividindo entre os cuidados com os filhos e o bom desempenho profissional. Lutamos contra nossa energia feminina pois, observamos que somente mulheres com atitudes masculinas são valorizadas no ambiente de trabalho.
Igualmente acreditamos que precisamos ser multitarefas para mostrar nossa competência, sem ter a noção que é examente o oposto, o foco numa só tarefa que nos torna diferenciadas.
Mulheres cansadas, aprendam a dizer não à pressão que a legião da autoajuda nos impõe. Não, o sucesso não depende apenas do quanto de conteúdo você consegue absorver e discorrer sobre, não depende das horas de engajamento nas redes sociais, não depende do quanto você consegue ser ótima em todas as mil tarefas que realiza.
Aliás, o conceito de sucesso é muito particular e precisa ser definido individualmente. Cuide de sua saúde física e mental, defina quais são os seus indicadores de sucesso. E, viva a vida.
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