A mulher e a luz dourada do feminino

Ana, o Feminino através dos séculos.

Era uma vez Ana, uma mulher consciente do seu poder feminino, que tinha uma forte conexão com a natureza. Ela e suas companheiras faziam a mediação entre o divino e o humano e, por isso, eram veneradas. Não só por ter a responsabilidade de receber os avisos e os sinais sagrados e transmiti-los à sociedade é que elas eram respeitadas, mas também pelo poder de conceber e nutrir a vida.

Ana era regida pela Lua e a conexão se fazia por meio de seu ciclo menstrual. Para ela, a menstruação era o período de se aquietar e se dedicar à introspecção e ao silêncio. Durante esta fase Ana se retirava em busca de sua renovação e fortalecimento pessoal. Como estava mais sensível, o contato com divino e com suas ancestrais se tornava mais profundo e revelador e, ao romper o véu que separa os mundos, Ana voltava do seu isolamento com mensagens e orientações para o seu povo, sendo por isso reverenciada.

Entretanto o tempo passou e tudo mudou. Os homens fazendo uso da força bruta e da dominação, definiram um novo modelo de sociedade, onde eles passaram a ser os líderes absolutos.

Quando o feminino deixou de ser sagrado.

Ana foi perseguida, dominada, subjugada e silenciada. Ela teve o seu direito de estudar e falar em público, castrado. Não mais pôde exercer as funções do sacerdócio. Ana foi excluída da vida social, política e religiosa. Seu papel, assim determinou a sociedade paternalista vigente, seria agora única e somente de procriadora e serviçal do lar.

Os Dogmas Cristãos determinaram que Ana, antes reconhecida e venerada como representante da origem da vida e uma fonte de sabedoria, se transformasse na criatura que não havia sido criada à imagem e semelhança de Deus e sim da costela de um homem. E por ter desrespeitado às ordens superiores e comido o fruto da Árvore do Conhecimento, seguindo os conselhos de uma serpente, Ana foi expulsa do Paraíso e tornou-se a responsável por todos os males infligidos à humanidade, passando a ser vista como a fonte do pecado, do mal e da luxúria. Ana foi ainda mais reprimida, julgada incapaz de pensar e proibida de falar.

Muitas mulheres, milhares, que ousaram se rebelar contra a mordaça a elas impostas foram queimadas ou enforcadas sob a acusação de bruxaria. Ana sobreviveu como pôde, reprimindo seu poder feminino.

Muitos séculos se passaram até que ela finalmente recuperasse o seu direito de falar, trabalhar e votar. Ana sofreu dezenove séculos de opressão e silêncio forçado.

O necessário retorno do conhecimento profundo do feminino

Ávida por recuperar o seu espaço, Ana começou a reunir outras mulheres para juntas criarem movimentos que buscassem restabelecer o seu papel de direito na sociedade. Deu certo, Ana hoje está no mercado de trabalho, nas artes, na literatura, nas cortes, onde ela quiser. A cada dia ela é mais e mais reconhecida por sua competência, muito embora ela saiba que muito ainda precisa ser feito. Pagando o alto preço da jornada dupla e até tripla, Ana está conquistando um lugar ao sol e hoje pode-se dizer que ela compete de igual para igual com os homens.

No entanto, Ana está cansada, estressada, sem energia e sem brilho. Pois, para competir de igual para igual com os homens, Ana passou a imitar o comportamento deles. Ela já não se parece com aquela mulher do início da história, se apropriou dos valores e do linguajar masculino, assumiu características que não intrínsecas à sua natureza.

Ana exagerou na autoafirmação e hoje quer ser ouvida a qualquer custo e talvez por isso, fale demais, se desgaste demais. Ela se esqueceu que a sua força não vem da agressividade ou da combatividade, mas sim da compreensão, da sensibilidade, da criatividade, da ponderação e da sabedoria.

Ana precisa reforçar o seu lado feminino e relembrar como se proteger e se fortalecer. Ela precisa buscar dentro de si o seu verdadeiro eu, acessar sua sabedoria inata.

Ana precisa entender que somente no silêncio poderá ouvir a sua voz interior e aí sim voltar a exercer o seu pleno poder feminino.

Baseado no texto”AS MULHERES FALAM DEMAIS…”, de Mirella Faur

Veja também:

https://lotusrosa.com.br/sagrado-feminino-o-chamado/

One thought to “Ana, o Feminino através dos séculos.”

  1. Gosto demais desta ponderacão.
    Por isto que as mulheres passaram a ter mais enfarte, porque estão querendo vencer os homens, achando que precisam bate forte na mesa e falar grosso, indo contra sua estrutura biológica.
    Para ficarmos lado a lado aos homens, pois é isto que almejamos, poderemos exercer plenamente, a nossa natureza! Assim avançaremos em nossas conquistas.
    Amei o texto!
    Parabéns Cris!

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