Perséfone e Deméter

Perséfone, a filha de Deméter.

O mito de Perséfone, a filha de Deméter, é um dos mais conhecidos dentre tantos da mitologia grega.

No que diz respeito à sua simbologia, este mito faz referência direta a relações de dependência/controle entre mães e filhas. Conhecer o mito é importante para entender como se dá na prática esta relação específica.

O mito:

Deméter é a deusa do cereal ou da agricultura. Ela era venerada como uma deusa mãe e também mãe de Perséfone, fruto da sua união com Zeus.

Certo dia, Perséfone estava colhendo flores com suas companheiras, quando foi atraída por um narciso surpreendentemente bonito. Ao estender a mão para pegá-lo, o solo fendeu-se diante dela. Das profundezas da terra emergiu Hades em sua carruagem de ouro puxada por cavalos pretos. Apoderou-se dela e afundou de volta para o abismo de forma tão rápida quanto tinha vindo.

Perséfone lutou e gritou pela ajuda de Zeus, mas não obteve nenhum auxílio. Deméter ouviu o eco dos gritos de Perséfone e apressou-se por encontrá-la. Procurou em vão sua filha raptada nove dias e nove noites, por terra e por mar.

Até que Hélio, o deus do sol, contou a Deméter que Hades tinha raptado Perséfone e a levara ao mundo das trevas para ser sua noiva, e o pior, o acontecido tinha a aprovação de Zeus.

Deméter então enlouquecida pelo rapto da filha e pela complacência de Zeus, ordenou que nada mais crescesse sobre a terra até que sua filha fosse devolvida.

O caos e a miséria se instalaram sobre a terra. Os deuses imploraram a Deméter que ela revogasse a ordem, mas Deméter foi irredutível.

Até que Zeus, inegavelmente pressionado, enviou Hermes, o deus mensageiro, até Hades, ordenando-lhe que trouxesse Perséfone de volta.

Ao ouvir que estava livre para partir, Perséfone alegrou-se para acompanhar Hermes, mas primeiro Hades lhe deu algumas sementes de romã e ela comeu.

Hades não foi gentil ao dar as sementes de romã à Perséfone, ele foi ardiloso pois, caso não tivesse comido nada no mundo das trevas, Perséfone teria sido completamente devolvida a sua mãe.

Contudo, por ter comido as sementes de romã Perséfone passaria dois terços do ano com Deméter e o restante do ano com Hades. Depois que mãe e filha se reuniram, Deméter devolveu a fertilidade e o crescimento à terra.

A simbologia:

A mulher tipo Perséfone e sua mãe tipo Deméter, costumam ter uma relação simbiótica mesmo na idade adulta da filha. Enquanto que para a filha obter a opinião e a consequente aprovação da mãe para todos os seus atos é normal e corriqueiro, mesmo depois de casada. Para a mãe, estar cem por cento disponível para realizar os desejos da filha e, de certa forma, interferir em suas decisões, não deixa de ser uma forma de manter o controle.

Frases do tipo: “faço tudo pela minha filha”, “quando se trata da minha filha viro uma leoa”, “minha mãe é uma referência para mim”, “não faço nada sem consultar a minha mãe”, são típicas de filha Perséfone e mãe Deméter.

Talvez provavelmente a filha tipo Perséfone tenha momentos em que deseje se ” libertar” da proteção da mãe, muitas vezes através do casamento. Assim como no mito, a deusa, talvez de forma inconsciente, tenha aceitado as sementes de romã ofertadas por Hades para, desta forma, criar o compromisso de manter-se ligada a ele.

A mãe tipo Deméter não costuma aceitar de bom grado tentativas de independência, criando vários atritos. Mas, se a filha de fato estiver decidida, com o tempo a relação irá se normalizar.

Referência: As Deusas e a Mulher, Jean Shinoda Bolen

Saiba mais sobre Perséfone: https://lotusrosa.com.br/a-mulher-tipo-persefone/