Primeiramente é preciso esclarecer que, o desejo de muitas mulheres em retornar à sua essência feminina, está diretamente relacionado a um movimento global chamado Sagrado Feminino.
O Sagrado Feminino não é um movimento externo e organizado. Ao contrário, é uma viagem em busca da própria essência feminina. Viagem esta, sem roteiro e sem prazo. Realizada individualmente, orientada pelo instinto e pela intuição.
Este ponto esclarecido, vamos falar então sobre o que vem a ser o Sagrado Feminino, como ele surgiu, como desapareceu e como está prestes a voltar.
Energias que se completam
Para ajudar na compreensão, começaremos a falar de energia masculina e energia feminina. A análise do Yin e Yang, este símbolo milenar chinês, demonstra com clareza a existência destas duas energias. Uma clara e a outra escura, que se complementam dentro de um círculo e, mais do que isso, estão inseridas uma na outra.
Todo ser humano traz dentro de si estas duas energias. O Yang representa o masculino, a luz, a força, o ímpeto, o racional, a ação, o expansivo, a exigência e a guerra.
O Yin representa o feminino, o escuro, o interior, o receptivo, as emoções, o acolhimento, a intuição e a paz. A figura sugere equilíbrio entre as duas forças.
Entretanto, este equilíbrio não está acontecendo. Vivemos hoje numa sociedade onde os valores do Yang estão exacerbados, isto é ruim para os homens, ruim para a sociedade e pior ainda para as mulheres.
Por ser uma energia masculina, nas mulheres, quando predominante, o Yang causa cansaço, estresse, falta de criatividade, desconforto constante e uma sensação de inadequação. Assim como se estivéssemos usando um calçado que não nos pertencesse.
Eventualmente, pode ser que você esteja, neste exato momento, passando por alguns destes sentimentos, ou talvez ande se questionando sobre o comportamento excessivamente agressivo e competitivo de suas amigas, colegas de trabalho, superiores, subordinadas, familiares.
Se isso estiver acontecendo com você é porque existe algo no seu íntimo dizendo que o caminho está errado, que não é por aí que as coisas devem caminhar. É provável que você esteja recebendo um chamado, o chamado da sua verdadeira essência feminina.
De onde vem o conceito do Sagrado Feminino?
Precisaremos voltar muito no tempo para entender. Na pré-história, no final do período paleolítico e até o início do neolítico, as sociedades eram nômades, viviam da caça e já apresentavam uma rudimentar estrutura de sociedade. A orientação desta sociedade era matrifocal, ou seja, a figura central era da mãe.
A mulher que dá a vida, que nutre e que de todos cuida.
A sociedade era baseada na igualdade de todos os seres, unidos pela fraternidade diante de uma mesma crença: o culto da Grande Mãe, a mantenedora de toda a vida e existência.
Nesta época não havia guerras e o sentimento era de cooperação mútua visando, sobretudo, a sobrevivência do grupo.
Todavia, foi no período conhecido como pedra polida, quando as ferramentas foram aperfeiçoadas, dando início à agricultura e à pecuária, que tudo começou a mudar. Os habitantes deixaram de ser nômades, fixaram raízes e demarcaram territórios. E assim, surgiu o conceito de propriedade privada.
A força e a brutalidade passaram a ser valorizadas, afim de se guardar a propriedade e expandir territórios. A sociedade, antes igualitária, passou a ser estratificada em camadas sociais. O trabalho, antes comunitário, passou a ser dividido. Aos poucos, o feminismo foi sendo subjugado a um segundo plano, menosprezado.
Surgimento do Patriarcado
Os homens substituíram o culto à Grade Deusa pelo Deus Pai, sisudo e incisivo. Tudo o que antes era valorizado no feminino passou a ser sujo e pecaminoso. E assim, o patriarcado foi instaurado, inferiorizando as mulheres e tudo a elas relacionado. Sobrevivendo até os dias atuais.
Todavia, este modelo patriarcal parece estar prestes a se exaurir. As mulheres estão lutando pela igualdade de direitos e muito já se avançou neste sentido.
Da mesma forma, é grande o número de pessoas que demonstra estar cansada da falta de harmonia e amorosidade, do egoísmo e do egocentrismo.
Por fim, os recursos do planeta que habitamos estão se esgotando e tudo indica que a única saída é, inegavelmente, o pensamento no coletivo. A cooperação em detrimento da competição. A paz se opondo à guerra e o amor vencendo o ódio e a intolerância.
O retorno do Sagrado Feminino é, sobretudo, uma maneira de pensar e agir com amorosidade, praticando o acolhimento, se expressando com suavidade.
O chamado do Feminino
Se o que você leu até aqui fez algum sentindo, talvez seja o momento de se inteirar mais sobre o assunto e, quem sabe, iniciar uma mudança de dentro para fora. Existem vários livros sobre o assunto, no final deixo pelo menos três que eu li e me inspiraram bastante.
Concluindo, com atitudes simples podemos nos voltar para o nosso eu interior e deixar aflorar a nossa verdadeira essência feminina. De tal forma que, estando mais fortalecidas, equilibradas e felizes começaremos a mudar a energia deste mundo a partir da mudança da nossa própria energia.
5 formas de se conectar ao Sagrado Feminino:
Referências Bibliográficas
Mulheres que Correm com os Lobos
Círculos Sagrados para Mulheres Contemporâneas